Ave Cassou

        Ao contrário do que se possa pensar, a trajetória artística de Raul Cassou não é recente. São mais de 30 anos de pesquisa em diversas técnicas, sem preocupações com a notoriedade imediata. Neste tempo, construiu reputação através do trabalho em vidro, enquanto desenvolvia, em seu atelier, esculturas e pinturas, demostrando uma elogiável preocupação ecológica. Seu tema: pássaros. Para sua plena realização começou a fotografá-los em viagens pelo interior. A pesquisa continuou em livros, enriquecendo com mais elementos.

        Há cerca de 20 anos surgiam os primeiros pássaros, esculpidos em madeira, demonstrando a habilidade manual de Cassou. Depois continuou utilizando o material como suporte para exibir sua habilidade pictórica. Buscados na natureza, pedaços de madeira das mais variadas formas e texturas, transformam-se em "telas" onde pinta seus pássaros deixando como pano de fundo a beleza do material coletado. Assim transformou seu atelier numa espécie de gaiola gigante, onde se circula rodeado pelas aves.

        E a preocupação de preservação ecológica do artista não para por aí. Dando continuidade à pesquisa, voltou ao tridimensional, criando pássaros com estruturas aramadas, algumas vezes envolvidos em camadas de papel pintado, dentro de um clima realista encantador. Leves e soltos, suspensos ou em bases, eles proporcionam uma sensação de liberdade que Cassou sabe criar com extrema sensibilidade.

Décio Presser, maio de 2009.

 

INSÓLITA CUMPLICIDADE

        Na minha recente passagem por Porto Alegre em março (2009), tive a satisfação de conhecer Raul Cassou. Já no primeiro encontro se revelou aquela cumplicidade insólita, oriunda dos mesmos interesses: pela arte, que exalta, subjuga e arrebata; pelo fascínio dos lugares ermos, de natureza primeva quase intocada, lugares vazios de gente, mas povoados de quimeras vindas do âmago da infância; e pelo amor aos pássaros, estes animais magníficos, que elevam nossos olhares para o alto, sempre e cada vez mais para o alto, de tal modo que nossa imaginação se deixa tranportar nos vôos do vento até se perder, rodopiando, no azul infindo. No segundo encontro, tive a oportunidade de visitar sua casa e a cumplicidade se confirmou e se cristalizou naquela forma que dispensa palavras. Apenas o sorriso basta. E me deixei guiar por ele através dos meandros labirínticos daqueles recantos que ora se ocultam, ora se revelam, deixando ver dezenas, centenas de pássaros pintados sobre pedaços de madeira de todos os tamanhos e formatos, numa verdadeira simbiose revelando o uso perfeito entre o material e o tema. E vendo aqueles pássaros, senti seus olhares cravados em mim. Olho no olho. Retribuí os olhares e depois olhei Raul, ele mesmo um pássaro, naquele dizer que a arte imita o artista e agora me pergunto, será que me pareço com meus personagens? E pude então perceber a atração do colorido vibrante, fiel, contundente e quase onírico que alegra o olhar e realça ainda mais o caráter ecológico. E depois contemplei aquelas esculturas de pássaros, aparentemente incompletas, mas na verdade elaboradas de tal forma que é como se brotassem, do mesmo modo, de fora para dentro e de dentro para fora. Interior e exterior ao mesmo tempo. Aparência e essência convivendo lado a lado. Todas elas feitas com uma maestria que intriga a vista e fascina a mente. E observando aquele conjunto de pinturas e esculturas, percebi que há muito tempo não me sentia tão bem. Fiquei feliz e saí de lá num estado de graça.

Fernando Duval, Rio de Janeiro, maio de 2009.


 

ATUALIDADES ORNITOLÓGICAS - IVAIPORÃ - PR

www.ao.com.br/cassou.htm

SITE INEMA - PORTO ALEGRE - RS

inema.com.br/mat/idmat117460.htm

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